Um projeto de investigação liderado pela Dra. Maria Anastasiadi, professora de bioinformática na Universidade de Cranfield, em colaboração com a Food Standards Agency (FSA) e o Science and Technology Facilities Council (STFC) do Reino Unido, utilizou uma técnica especializada de análise da luz para detetar mel falso sem abrir o frasco.
Este foi um dos dois novos métodos de autenticação rápida e exacta do mel do Reino Unido explorados pelos cientistas da Universidade de Cranfield.
Amostras de mel do Reino Unido adicionadas a xaropes de arroz e de beterraba sacarina foram testadas utilizando o método não invasivo de Espectroscopia Raman de Deslocamento Espacial (SORS), mais comummente utilizado em diagnósticos farmacêuticos e de segurança.
impressões digitais dos ingredientes
Os investigadores descobriram que este método se revelou altamente preciso na deteção de xaropes de açúcar presentes no mel, identificando a “impressão digital” de cada ingrediente do produto. Os cientistas combinaram esta técnica com a “aprendizagem automática” (uso da IA) para detetar e identificar com êxito os xaropes de açúcar de várias fontes vegetais.
Para além da sua facilidade de utilização, o método de utilização do SORS para detetar adulterações no mel é também portátil, o que o torna uma ferramenta de rastreio ideal para utilizar ao longo da cadeia de abastecimento.
A Dra. Anastasiadi afirmou: “O mel é caro e muito procurado, podendo ser alvo de fraudes que deixam os fornecedores genuínos sem dinheiro e minam a confiança dos consumidores. Este método é uma ferramenta eficaz e rápida para identificar amostras suspeitas de mel, ajudando a indústria a proteger os consumidores e a verificar as cadeias de abastecimento”.
No segundo estudo, o código de barras do ADN foi utilizado para detetar xaropes de arroz e de milho adicionados a amostras de mel do Reino Unido.
Altamente preciso
Os cientistas da universidade, em colaboração com a FSA e a Queen’s University of Belfast, conseguiram analisar a composição de cada uma das suas 21 amostras – 17 provenientes de apicultores do Reino Unido, quatro de supermercados e retalhistas online – e detetar com êxito xaropes mesmo com um nível de adulteração de 1%.
“Até à data, os métodos de ADN não têm sido amplamente utilizados para examinar a autenticidade do mel”, acrescentou a Dra. Anastasiadi. “Mas o nosso estudo mostrou que se trata de uma forma sensível, fiável e robusta de detectar adulterações e confirmar as origens dos xaropes adicionados ao mel.
“A grande variação da composição do mel torna-o particularmente difícil de autenticar. Por isso, ter esta técnica consistente no arsenal de testes pode acabar com a fraude do mel”.
Os investigadores da universidade afirmaram que os dois métodos desenvolvidos podem funcionar em conjunto para aumentar as hipóteses de deteção de adulteração de açúcar exógeno no mel.
Entretanto, como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia continua a afetar a cadeia de abastecimento alimentar, a Bia Analytical analisa a forma como os fabricantes podem garantir que o seu trigo/farinha é genuíno.
Fonte: Food manufacture – por Gwen Ridler